ARTE
“O
que é Arte?”
- ARTE É UMA FORMA INDIRETA OU NÃO IMEDIATA DE TRASMISSÃO DE EMOÇÕES.
- UMA FORMA DE EXPRESSAR EMOÇÕES PESSOAIS.
- A TRANSFORMAÇÃO DA MATÉRIA EM EMOÇÕES.
- ARTE INDIRETA - porque diferente da comunicação pessoal comum, onde podemos nos expressar emocionalmente, a Arte em geral não visa apenas um interlocutor com o qual estamos em contado direto, ela busca atingir um público alvo bem mais abrangente.
- ARTE NÃO IMEDIATA - porque o produto artístico produzido normalmente será contemplado várias vezes. O artista realiza seu trabalho num momento, e o público o contempla em outro.
- ARTE COMO EMOÇÃO - é o conteúdo a ser transmitido, o meio, a forma, é a matéria, quer seja a tinta, o barro, o som, a escrita, que se propaga através da matéria, ou o próprio corpo humano. Sendo assim a ARTE é uma forma de transformar a MATÉRIA EM EMOÇÕES.
- É comum ouvirmos sobre as 7 artes, que seriam a Música, a Pintura/Desenho, a Escultura, a Dança, a LITERATURA, o Teatro e o Cinema. Essa classificação é bastante simples.
- A LITERATURA obviamente depende do surgimento da ESCRITA; a escrita faz muito mais que desenvolver a comunicação, ela desperta uma nova visão mental no Ser Humano. Uma visão que é capaz de trabalhar num nível mais Criativo/emocional.
- O surgimento da escrita viria possibilitar formas inovadoras de expressão emocional. Não só a narração em forma escrita de uma história, prosaica (PROSA), mas também a poética (POESIA/ POEMA), que abre possibilidades de pensamento e emoção.
- Notamos que cada pessoa seja ela, Dançarino, Ator teatral, Músico, Escritor, etc pode acrescentar sua própria personalidade à obra, tornando essas formas artísticas mais dinâmicas (Subjetivas).
- Também é possível percebemos uma diferença entre a Literatura, quando comparamos com a Música, Dança e Teatro.
- EXEMPLOS DE TIPOS DE ARTES:
- ARTES ESTÁTICAS (Paradas), mas de leituras DINÂMICA LINEAR (Seqüencial).
- LITERATURA e HISTÓRIAS EM QUADRINHOS.
O
Material em si é estático (parado), mas sua apreciação é
necessariamente dinâmica (móvel), seguindo uma ordem
pré-estabelecida de começo,
meio, e fim.
- ARTES TOTALMENTE DINÂMICAS
- MÚSICA, DANÇA, TEATRO.
São
aquelas que não existem estáticamente
(paradas), Poderíamos até paralizar o dançarino, mas ele se
tornaria uma escultura por um pequeno espaço de tempo.
- O MAIS IMPORTANTE PARA A ARTE É O SENTIR. É O EMOCIONAL. AQUILO QUE TODOS VIVENCIAMOS, MAS NINGUÉM CONSEGUE REALMENTE EXPLICAR.
INTRDUÇÃO
À LITERATURA (A Arte da Literatura)
- ALGUNS CONCEITOS SOBRE LITERATURA
- Literatura: litera (palavra)
- LITERATURA [Do lat. litteratura.] S.f. 1. Arte de compor ou escrever trabalhos artísticos em prosa ou verso. 2. O conjunto de trabalhos literários dum país ou duma época. (Dicionário Aurélio Eletrônico)
- "Arte literária é mimese (imitação); é a arte que imita pela palavra." (Aristóteles, filósofo grego, séc. IV a.C)
- "A literatura é a expressão da sociedade, como a palavra é a expressão do homem." (Louis de Bonald, pensador e crítico do Romantismo francês, início do séc. XIX)
- "É com bons sentimentos que se faz LITERATURA ruim." (André Gide, escritor francês, séc. XX).
- "A poesia existe nos fatos" (Oswald de Andrade, poeta brasileiro, séc. XX)
- A LITERATURA Trabalha a PALAVRA de maneira artística
- Na literatura a realidade que tem sentido DENOTATIVO (objetivo, sentido direto), cria ou origina a imaginação que por sua vez provoca a imaginação (subjetivo, sentido indireto) que tem o sentido CONOTATIVO, e compõe a escrita na literatura.
- Denotação é a significação objetiva da palavra; é a palavra em "estado de dicionário" .
- Conotação é a significação subjetiva da palavra; ocorre quando a palavra pode ter vários significados em uma mesma situação.
- O quadro abaixo sintetiza as diferenças fundamentais entre denotação e conotação:
DENOTAÇÃO
|
CONOTAÇÃO
|
palavra
com significação restrita
|
palavra
com significação ampla
|
palavra
com sentido comum do dicionário
|
palavra
cujos sentidos extrapolam o sentido comum do dicionário
|
palavra
usada de modo automatizado
|
palavra
usada de modo criativo
|
linguagem
comum
|
linguagem
rica e expressiva
|
- Exemplos de conotação e denotação (textos 1 e 2)
TEXTO
I (RECEITA)
Bolo
de arroz
Ingredientes
3
xícaras de arroz
1 colher (sopa) de manteiga 1 gema 1 frango 1 cebola picada 1colher (sopa) de molho inglês 1colher (sopa) de farinha de trigo 1 xícara de creme de leite salsa picadinha
Modo
de preparar
Prepare
o arroz branco, bem solto.
Ao mesmo tempo, faça o frango ao molho, bem temperado e saboroso.
Quando
pronto, retire os pedaços, desosse e desfie. Reserve.
Quando
o arroz estiver pronto, junte a gema, a manteiga, coloque numa
forma de buraco e leve ao forno.
No
caldo que sobrou do frango, junte a cebola, o molho inglês, a
farinha de trigo e leve ao fogo para engrossar.
Retire do fogo e junte o creme de leite.
Vire
o arroz, já assado, num prato.
Coloque o frango no meio e despeje por cima o molho. Sirva quente.
(Terezinha
Terra)
|
TEXTO
II (RECEITA)
Bolo
de poema
Ingredientes
2
conflitos de gerações
4 esperanças perdidas 3 litros de sangue fervido 5 sonhos eróticos 2 canções dos beatles
Modo
de preparar
Dissolva
os sonhos eróticos
nos dois litros de sangue fervido e deixe gelar seu coração.
Leve
a mistura ao fogo,
adicionando dois conflitos de gerações às esperanças perdidas.
Corte
tudo em pedacinhos
e repita com as canções dos beatles o mesmo processo usado com os sonhos eróticos, mas desta vez deixe ferver um pouco mais e mexa até dissolver.
Parte
do sangue pode ser
substituído por suco de groselha, mas os resultados não serão os mesmos.
Sirva
o poema simples
ou com ilusões.
(Nicolas
Behr)
|
OBSERVAÇÕES:
- No primeiro texto, os verbos assumem um sentido objetivo, explícito, constante; foram usadas denotativamente.
- No segundo, os verbos apresentam vários sentidos, foram usadas conotativamente.
- Observa-se que os verbos que ocorrem tanto em uma quanto em outra - dissolver, cortar, juntar, servir, retirar, reservar - são aqueles que costumam ocorrer nas receitas; entretanto, o que faz a diferença são as palavras com as quais os verbos combinam, combinações esperadas no texto 1, combinações inesperadas no texto 2.
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b)
Exemplo de texto denotativo (texto 3)
Os
textos informativos (científicos
e jornalísticos), por serem,
em geral, objetivos, prendem-se ao sentido denotativo
das palavras. Vejamos o texto abaixo, em que a linguagem está
estruturada em expressões comuns, com um sentido único.
Texto
3 - texto técnico-científico
Canibalismo
entre insetos
Seres
que nascem na cabeça de outros e que consomem progressivamente o
corpo destes até aniquilá-los, ao atingir o estágio adulto.
... Esse é um enredo que mais parece de ficção científica. No
entanto, acontece desde a pré-história, tendo como
protagonistas as vespas de certas espécies e as paquinhas, e é
um exemplo da curiosa relação dos ‘inimigos naturais’,
aproveitadas pelo homem no controle biológico de pragas, para
substituir com muitas vantagens os inseticidas químicos.
(Revista
Ciência Hoje, nº 104, outubro de 1994, Rio, SBPC)
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c)
Exemplo de conotação
Os provérbios
ou ditos populares são também
um outro exemplo de exploração da linguagem no seu uso conotativo.
- "Quem está na chuva é para se molhar" equivale a "/Quando alguém opta por uma determinada experiência, deve assumir todas as regras e conseqüências decorrentes dessa experiência".
- "Casa de ferreiro, espeto de pau" significa O que a pessoa faz fora de casa, para os outros, não faz em casa, para si mesma.
TEXTO
LITERÁRIO E TEXTO NÃO-LITERÁRIO
- O texto literário tem uma dimensão estética (BELEZA), plurissignificativa (VÁRIOS SIGNIFICADOS) e de intenso dinamismo. (LINGUAGEM CONOTATIVA)
- No texto não-literário, as relações são mais restritas, tendo em vista a necessidade de uma informação mais objetiva e direta no processo de documentação da realidade. (LINGUAGEM DENOTATIVA)
- A produção de um texto literário contém:
- A valorização da forma (Estética)
- A reflexão sobre o real (uso da Imaginação)
- A plurissignificação (Vários significados)
- A valorização da forma (Estética)
- Não é o tema, mas sim a maneira como ele é explorado formalmente, que vai caracterizar um texto como literário. Assim, não há temas específicos de textos literários.
- Vejamos os dois textos que seguem têm o mesmo tema – “o açúcar”
O
açúcar
O
branco açúcar que adoçará meu café
nesta
manhã de Ipanema
não
foi produzido por mim
nem
surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o
puro
e
afável ao paladar
como
beijo de moça, água
na
pele, flor
que
se dissolve na boca. Mas este açúcar
não
foi feito por mim.
Este
açúcar veio
da
mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.
Este
açúcar veio
de
uma usina de açúcar em Pernambuco
ou
no Estado do Rio
e
tampouco o fez o dono da usina.
Este
açúcar era cana
e
veio dos canaviais extensos
que
não nascem por acaso
no
regaço do vale.
Em
lugares distantes, onde não há hospital
nem
escola,
homens
que não sabem ler e morrem de fome
aos
27 anos
plantaram
e colheram a cana
que
viraria açúcar.
Em
usinas escuras,
homens
de vida amarga
e
dura
produziram
este açúcar
branco
e puro
com
que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
"O açúcar" (Ferreira
Gullar. Toda poesia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1980,
pp.227-228)
A
cana-de-açúcar
Originária
da Ásia, a cana-de-açúcar foi introduzida no Brasil pelos
colonizadores portugueses no século XVI. A região que durante
séculos foi a grande produtora de cana-de-açúcar no Brasil é a
Zona da Mata nordestina, onde os férteis solos de massapé, além da
menor distância em relação ao mercado europeu, propiciaram
condições favoráveis a esse cultivo. Atualmente, o maior produtor
nacional de cana-de-açúcar é São Paulo, seguido de Pernambuco,
Alagoas, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Além de produzir o açúcar,
que em parte é exportado e em parte abastece o mercado interno, a
cana serve também para a produção de álcool, importante nos dias
atuais como fonte de energia e de bebidas. A imensa expansão dos
canaviais no Brasil, especialmente em São Paulo, está ligada ao uso
do álcool como combustível.
"A
cana-de-açúcar" (Vesentini, J.W. Brasil, sociedade e espaço.
São Paulo, Ática, 1992, p.106)
- Comentários sobre os textos: "O açúcar" e "A cana-de-açúcar"
- O texto "O açúcar" parte de uma palavra do domínio comum - açúcar - e vai ampliando seu potencial significativo, explorando recursos formais para estabelecer um paralelo entre o açúcar - branco, doce, puro - e a vida do trabalhador que o produz - dura, amarga, triste.
- No primeiro, a função poética (Linguagem conotativa) é predominante. É uma das razões para ser considerado um texto literário.
- No texto "A cana-de-açúcar", de expressão não-literária, o autor informa o leitor sobre a origem da cana-de-açúcar, os lugares onde é produzida, como teve início seu cultivo no Brasil, etc.
- No segundo, puramente informativo, há o predomínio da função referencial (Linguagem denotativa).
2.
Reflexão sobre o real (uso
da Imaginação)
- Em lugar de apenas informar sobre o real, ou de produzi-lo, a expressão literária é utilizada principalmente como um meio de refletir e recriar a realidade.
- Refletindo a experiência cultural de um povo, o texto literário contribui para a definição e para o fortalecimento da identidade nacional.
3.Plurissignificação
(Vários
significados)
O
trabalho de recriação
que se efetiva na construção do texto literário é uma atividade
lúdica,
uma
brincadeira com a linguagem.
Por isso, o texto literário provoca um prazer estético (Beleza) ao
final de cada obra, como acontece nas outras manifestações
artísticas.
- CONCLUSÃO
- Seja em prosa, seja em verso, o texto poético contribui para o enriquecimento da linguagem, explorando a sonoridade e o ritmo das palavras e atribuindo-lhes novos sentidos, mesmo quando essas palavras são as do dia-a-dia.
- Ritmo - evidencia-se pela alternância de sílabas que apresentam maior ou menor intensidade em sua enunciação.
Texto
em versos
(Casimiro de Abreu)
Quem
dera
Que
sintas
As
dores
De
amores
Que
louco
Senti!
- Textos literários em prosa também podem apresentar efeitos sonoros e rítmicos.
Texto
em prosa
(Jorge Amado - Romance "Gabriela, cravo e canela", de)
"Gabriela
ia andando, aquela canção ela cantara em menina. Parou a escutar,
a ver a roda rodar.
Antes da morte do pai e da mãe, antes de ir para a casa dos tios.
Que beleza os pés pequeninos no chão a dançar! Seus pés
reclamavam, queriam
dançar.
Resistir não podia, brinquedo de roda adorava
brincar.
Arrancou os sapatos, largou na calçada, correu pros meninos. De um
lado Tuísca, de outro lado Rosinha. Rodando na praça, a cantar e a
dançar."
- Este texto, em forma de prosa, apresenta um ritmo e uma sonoridade que nos fazem lembrar os textos em verso.
Exemplo:
rimas
(escutar, rodar, dançar, brincar);
queriam
dançar
resistir
não podia
brinquedo
de roda
adorava
brincar
de
um lado Tuísca
de
outro lado Rosinha
rodando
na praça
a
cantar e a dançar
A
POESIA NO POEMA E NA PROSA
1. O QUE É POESIA?
- Segundo dicionaristas, Poesia é a arte de escrever em verso.
- Poesia também pode significar uma composição poética de pequena extensão.
- Mas, acima de qualquer conceito, o que mais diz a verdade, é que a Poesia é a própria inspiração do Homem, despertando o sentimento.
- Quando você está lendo uma poesia, você está lendo um texto em versos.
2.
ONDE ENCONTRAMOS A POESIA?
- A poesia não se entende, sente-se, como toda arte. Podemos encontrar poesia por toda parte. Basta saber encontra-la através dos nossos olhos, do nosso sentir.
3. O
QUE PODE TER EM UMA POESIA?
- Versos – É a denominação dada a cada linha de uma poesia.
A flor e o vento
(VERSO 1) = = > Num vai-e-vem ritmado a flor realiza o
movimento
(VERSO 2) = = > De um bailado orquestrado pelo vento
(VERSO 3) = = > Parece a cada compasso que a flor vive
indecisa
(VERSO 4) = = > Não sabe se abraça a terra, não sabe se
voa com a brisa.
- Versos Brancos ou Livres – São versos sem rima, construídos conforme a emoção, à vontade e a beleza dos sentimentos, buscados pelo autor.
Coisas do coração
Declaração
É hoje...
Tem que ser hoje!
Eu não agüento mais...
Seja o que Deus quiser!
Vai do
jeito que for...
É agora!
É já!
(Suspiro
fundo)
- Eu te
amo!
- Estrofes – Uma estrofe é composta por um conjunto de versos.
Vejamos a pág. 213.
A pombinha da mata (Cecília Meireles)
1ª estrofe
Três meninos na mata ouviram
Uma pombinha gemer.
“Eu acho que ela está com fome”,
Disse o primeiro,
“E não tem nada para comer”.
2ª estrofe
Três meninos na mata ouviram
Uma pombinha carpir*.
“Eu acho que ela ficou presa”,
Disse o segundo,
“E não sabe como fugir”
* carpir = chorar
3ª
estrofe
Três meninos na mata ouviram
Uma pombinha gemer.
“Eu acho que ela está com saudade”,
Disse o terceiro,
“E com certeza vai morrer”
- Ritmo – Quando você pode acompanhar a leitura da poesia com a entonação da voz, com a música ou com expressão corporal.
Valsinha
É tão fácil dançar uma valsa, rapaz...
Pezinho pra frente. Pezinho pra trás.
Pra dançar uma valsa é preciso só dois.
O Sol com a Lua. E o Feijão com arroz.
- Rima – Fazemos rima, por exemplo, quando repetimos um mesmo som no final de dois ou mais versos.
Vejamos a pág. 217:
Se você for inventor invente (Lê com crê, José Paulo Paes)
Um creme que tire ruga de pescoço de tartaruga
Um pente que penteie sozinho lombo de porco-espinho
E um lenço forte bastante para assoar tromba de elefante.
O POEMA
1. O que é POEMA
- O POEMA também é uma obra em verso, contudo, é uma composição poética de maior extensão que a Poesia.
CANÇÃO
DO EXÍLIO (Gonçalves Dias)
1. Minha
terra tem palmeiras,
2. Onde
canta o sabiá;
3. As
aves, que aqui gorjeiam,
4. Não
gorjeiam como lá.
5. Nosso
céu tem mais estrelas,
6.
Nossas várzeas têm mais flores,
7.
Nossos bosques têm mais vida,
8. Nossa
vida mais amores.
9. Em
cismar, sozinho, à noite,
10. Mais
prazer encontro eu lá;
11.
Minha terra tem palmeiras,
12. Onde
canta o sabiá;
13.
Minha terra tem primores,
14. Que
tais não encontro eu cá;
15. Em
cismar - sozinho, à noite -
16. Mais
prazer encontro eu lá;
17.
Minha terra tem palmeiras,
18. Onde
canta o sabiá;
19. Não
permita Deus que eu morra,
20. Sem
que eu volte para lá;
21. Sem
que desfrute os primores
23. Que
não encontro por cá;
24. Sem
qu’inda aviste as palmeiras,
25. Onde
canta o sabiá.
Os
carneirinhos (Cecília Meireles)
I
Todos
querem ser pastores,
Quando
encontram, de manhã,
Os
carneirinhos, enroladinhos,
Como
carretéis de lã.
II
Todos
querem ser pastores
E ter
coroa de flores
E um
cajadinho na mão
E tocar
uma flautinha
E soprar
numa palhinha qualquer canção.
III
Todos
querem ser cantores
Quando a
estrela da manhã
Brilha
só, no céu sombrio,
E, pela
margem do rio,
Vão
descendo os carneirinhos
Como
carretéis de lã...
A
POESIA NO POEMA
- Observe o poema de Cecília Meireles, e vejamos algumas das principais características da poesia. Como: versos, estrofes, ritmo e a rima.
A Canção dos tamanquinhos (Cecília Meireles)
Troc...
troc... troc... troc...
Ligeirinhos,
ligeirinhos
Troc...
troc... troc... troc...
Vão
cantando os tamanquinhos...
Madrugada.
Troc... troc...
Pelas
portas dos vizinhos
Vão
batendo, troc... troc...
Vão
cantando os tamanquinhos...
Chove.
Troc... troc... troc...
No
silêncio dos caminhos
Alagados,
troc... troc...
Vão
cantando os tamanquinhos...
E até
mesmo, troc... troc...
Os que
têm sedas e arminhos,
Sonham -
troc... troc... troc...
Com seu par de
tamanquinhos..
A
POESIA NA PROSA
- O que é um texto em prosa?
- Um texto narrativo, descritivo ou diálogo, que ocupa a linha toda, observando parágrafos. É o contrário do poema, que é escrito em versos.
Vejamos
um exemplo:
“O barco tomou um susto quando o Menino pisou nele: quanto!
Quanto tempo sem sentir alguém tão perto.
O Menino alisou a madeira do barco, a ponta do dedo tocou no leme,
de leve, feito fazendo uma festa.
E o susto do barco virou um suspiro.”
OS GÊNEROS LITERÁRIOS
- A LITERATURA É A ARTE QUE SE MANIFESTA PELA PALAVRA (PALAVRA FALADA OU ESCRITA).
- QUANTO À FORMA DA LITERATURA, O TEXTO PODE APRESENTAR-SE EM PROSA OU VERSO.
- QUANTO AO CONTEÚDO OU ESTRUTURA, PODE-SE DIZER SEGUNDO ARISTÓTELES QUE AS OBRAS LITERÁRIAS ESTÃO DIVIDIDAS EM TRÊS GÊNEROS:
- ESTA DIVISÃO TRADICIONAL EM TRÊS GÊNEROS LITERÁRIOS ORIGINOU-SE NA GRÉCIA CLÁSSICA, COM ARISTÓTELES, QUANDO A POESIA ERA A FORMA PREDOMINANTE DE LITERATURA.
- GÊNERO LÍRICO
Seu nome vem de LIRA, instrumento musical que acompanhava os
cantos dos gregos. Por muito tempo, até o final da Idade Média, as
poesias eram cantadas.
Lírico:
- Quando o poeta nos passa uma emoção, sentimento;
- Neste gênero encontramos a FUNÇÃO EMOTIVA;
- Os temas mais freqüentes são: o amor, a saudade e a solidão;
- A maioria dos textos líricos está em versos;
- O gênero lírico fica definido como a expressão da "primeira pessoa do singular do tempo presente";
- O poeta se volta para o mundo interior, tornando o texto subjetivo.
- GÊNERO DRAMÁTICO - Drama, em grego, significa "ação". Ao gênero dramático pertencem os textos, em poesia ou prosa, feitos para serem representados.
Dramático:
- Em grego a palavra “DRAMA” significa “AÇÃO”;
- Pertencem a esse gênero os textos em prosa ou poesia;
- Os textos dramáticos são textos verbais
- Quando os "atores, num espaço especial (teatro, televisão), apresentam, por meio de palavras e gestos, um acontecimento".
- Vejamos algumas modalidades do Gênero Dramático:
- Tragédia: é a representação de um fato trágico, que pode provocar compaixão e terror.
- Comédia: é a representação de um fato da vida cotidiana, de riso fácil, em geral criticando os costumes de um povo.
- Farsa: pequena peça teatral, que provoca o riso ao explorar situações engraçadas, ridículas da vida cotidiana;
- Auto: pequena peça de conteúdo profano ou religioso, onde os atores representam entidades abstratas: o pecado, a bondade, a amor, céu, inferno etc.
- GÊNERO ÉPICO
É uma poesia objetiva, cuja característica maior é a presença de
um narrador falando do passado. O tema é, normalmente, um
acontecimento grandioso e heróico da história de um povo.
Épico:
- Retrata um fato histórico grandioso ou heróico e um povo;
- O narrador não se envolve muito com os acontecimentos, porque os fatos narrados são acontecimentos do passado.
- O narrador se volta para o mundo exterior, tornando a narrativa mais objetiva;
- O gênero épico fica definido como a expressão da "terceira pessoa do tempo passado".
- Dentre as principais epopéias (ou poemas épicos), destacamos:
- Ilíada e Odisséia (Homero, Grécia; narrativas sobre a guerra entre Grécia e Tróia).
- Eneida (Virgílio, Roma; narrativa dos feitos romanos)
- Os Lusíadas (Camões, Portugal)
- Na literatura brasileira, as principais epopéias foram escritas no século XVIII:
- Caramuru (Santa Rita Durão)
- O Uraguai (Basílio da Gama)
- GÊNERO NARRATIVO
O Gênero narrativo é visto como uma variante do gênero épico,
enquadrando, neste caso, as narrativas em PROSA. Dependendo da
estrutura, da forma e da extensão, as principais manifestações
narrativas são o romance, a novela e o
conto.
Em qualquer das três modalidades acima, temos representações da
vida comum, de um mundo mais individualizado e particularizado, ao
contrário da universalidade das grandiosas narrativas épicas,
marcadas pela representação de um mundo maravilhoso, povoado de
heróis e deuses.
As narrativas em prosa, que conheceram um notável desenvolvimento
desde o final do século XVIII, são também comumente chamadas de
narrativas de ficção.
· Romance: narração de um fato
imaginário, mas verossímil, que representa quaisquer aspectos da
vida familiar e social do homem. Comparado à novela, o romance
apresenta um corte mais amplo da vida, com personagens e situações
mais densas e complexas, com passagem mais lenta do tempo. Dependendo
da importância dada ao personagem ou à ação ou, ainda, ao espaço,
podemos ter romance de costumes, romance psicológico,
romance policial, romance regionalista, romance de
cavalaria, romance histórico, etc.(*)
· Novela:
na literatura em língua portuguesa, a principal distinção entre
novela e romance é quantitativa: vale a extensão ou o número de
páginas. Entretanto, podemos perceber características qualitativas:
na novela, temos a valorização de um evento, um corte mais limitado
da vida, a passagem do tempo é mais rápida, e o que é mais
importante, na novela o narrador assume uma maior importância como
contador de um fato passado.(*)
· Conto:
é a mais breve e simples narrativa centrada em um episódio da vida.
Na verdade, se comparada à novela e ao romance, a narrativa curta
condensa e potencia no seu espaço todas as possibilidades da
ficção".(*)
· Fábula: narrativa
inverossímil, com fundo didático, que tem como objetivo transmitir
uma lição moral. Normalmente a fábula trabalha com animais como
personagens.
A fábula é das mais antigas narrativas, coincidindo seu
aparecimento, segundo alguns estudiosos, com o da própria linguagem.
No Brasil, Monteiro Lobato realizou, às fábulas tradicionais,
curiosos e certeiros comentários dos personagens que viviam no Sítio
do Picapau Amarelo.
Abraços, Profº Alexandre